Hoje fui ao SAE, entregar os exames de Linfócitos e de Carga Viral para a Doutora Z. Ela gostou muito da melhora mostrada nos exames e da diminuição do vírus. Perguntei sobre a diminuição também do número de linfócitos mas ela falou que, no começo, há mesmo essa variação. É normal. Seria culpa do remédio e de algumas modificações do corpo, causadas por ele. E que, no próximo, esse valor provavelmente aumentará - que não é de se preocupar. Após isso, ela passou 3 receitas com o pedido para dois recipientes de 30 comprimidos do coquetel de 3x1 em cada folha (tenofovir, disoproxil e efavirenz), totalizando 6 recipientes. Ou, 6 meses, sem precisar marcar consulta ou ir lá ficar esperando. =D
Porém, a doutora Z também passou novos exames, como o mesmo check-up que eu fiz em junho - colesterol, triglicérides, urina, fezes, etc -, ela falou que o check-up vai ter que ser feito todo ano. Além desses exames, também fez o requerimento da carga viral e linfócitos, para entregar na próxima consulta (provavelmente em maio, ou junho), e algumas vacinas que o soropositivo deve receber. São elas: Hepatite, Anti-tetânica, Influenza e Pneumonia. Vou precisa ir ao Materno Infantil algum dia, para receber essas vacinas. Ela falou que não é necessário estar em jejum para recebê-las nem marcar horário. É só ir lá mesmo e recebê-las.
Quando saí da consulta, na espera pelo remédio, na farmácia, encontrei meu vizinho lá. Quase morro de vergonha. Tanto que falei com ele e corri pro carro. Não aguentei nem esperar na área de espera lá. Logo que ele percebeu: antes de eu quase sair voado, eu estava em pé, na fila da farmácia do SAE >.< Mas logo notei que ele também fora pegar remédio de HIV. Depois de um tempo, voltei, com a esperança de que ele não estivesse mais lá. Mas estava. Dentro da sala. E percebi só quando ele saiu de lá. Quando entrei, sem querer olhei o nome dele lá. Ele toma o mesmo remédio que eu. Ok. Acredito que ele não vá falar nada para ninguém não. Eu, muito menos. Sei a dor dele. E a aflição de estar ali. Peguei o remédio e saí.
Na verdade, peguei duas caixas com 30 comprimidos. Já para o mês de dezembro e o mês de janeiro. Vou precisar viajar em dezembro, e não teria como conseguir pegar mais uma caixa.
Além daqueles meus dois amigos que sabiam, contei também da minha saúde, para minha vizinha - minha melhor amiga -, contei porque eu precisava desabafar. E sinto que ela iria me ajudar. E sim, me deu o maior apoio. Inclusive fomos no CTA, para ela fazer o teste de HIV dela, mas só busca o resultado com 15 dias. Estamos aguardando.
De resto, tudo bem. Estou me sentindo meio cansado. Um pouco de falta de ar. Acho que é porque ando engordando muito. Só tô comendo e muito sedentário, ainda. Já nem vou mais para academia. Tento culpar o tempo, mas sei que não tenho é disposição e vontade mesmo. Vou tentar agora nas férias, antes da viagem, fazer alguns dias de malhação, e também uma dieta. Não quero que a família me veja e, em vez de "tô com saudade", ela diga "tá gordinho, hein?". Aff.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
O antes e o depois
Hoje peguei meus exames de carga viral do HIV e de Linfócitos CD4/CD8 e isso me deixou muuito feliz! xD Simplesmente porque o número de cópias do vírus em mim despencou. Mas muito mesmo! Em apenas 3 meses de tratamento e coquetel anti-retroviral, o número diminuiu de, 13.180 cópias/ mL, para 50 cópias / mL. Uma queda de mais de 99,62% do número de vírus!!! Ainda não está indetectável. Ouvi dizer que é necessário que esteja abaixo de 40 cópias para o exame indicar dessa maneira. Basicamente, indetectável é o melhor dos resultados para o soropositivo - apesar de que isso não quer dizer que o paciente não possua o vírus, quer dizer apenas que a quantidade é tão pequena, que a máquina responsável pela contagem dos vírus não conseguiu identificar, mas há sim alguns, e eles ficam escondidos em órgãos, como o intestino, por exemplo. Ainda não há cura para essa doença. Simplesmente porque eles se escondem e ficam dormindo, sem ter acesso ao remédio.
Quanto ao exame de carga viral, ok! Mas quanto ao de linfócitos - defesa -, fiquei com algumas dúvidas. Em vez de eles aumentarem, com a diminuição da proliferação dos vírus, eles diminuíram. E bastante também. Achei realmente que fossem inversamente proporcionais esses valores. O CD4 - principal defesa -, diminuiu de 813/mm³, para 630/mm³, indicando uma queda de 22,50%. O seu ajudante, o CD8, teve um tombo ainda maior: de 1.831/mm³ - registrado em julho desse ano -, ele indica hoje 849/mm³, mais de 53% de diferença.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
O hoje
Se existiu algo que eu aprendi na minha vida é que a gente não deve fazer muitos planos nem pensar muito em futuro e idealizar demais. Ficar um tempão antes de dormir olhando pro teto e imaginando como vai ser o futuro é algo que se deve deixar de lado. Parece triste esse pensamento, né? E os sonhos? E como ficam todos os projetos de vida?
Acontece que a gente é o protagonista da nossa vida. E só o protagonista. O cenário, o diretor, o roteirista... não temos ideia do que/quem seja. As coisas vão acontecendo. Elas vão surgindo.
Antigamente, eu pensava em futuro e me via totalmente sozinho. Homossexual, que fazia um curso que não gostava, sem família nem nada. Era triste. Até que parei de pensar nisso. Hoje eu já vou pra cama só na hora que eu sinto sono. Imagina eu pensar hoje em futuro, tendo todos esses aspectos acima mencionados na minha vida, e ainda com AIDS e mais sozinho ainda, sem meu melhor amigo? Nem quero parar pra pensar não.
Parece conselhinho clichê mas, a melhor coisa, é tu pensar no hoje. No hoje. Só no hoje. Sei lá... gosta de uma música, coloca ela no youtube e dança um pouquinho. Entra aí na academia com um amigo - até pra se achar bonito e se divertir também. Não pensa muito no futuro não. Muito menos no passado. O passado não volta. E o futuro talvez nem chegue.
Acontece que a gente é o protagonista da nossa vida. E só o protagonista. O cenário, o diretor, o roteirista... não temos ideia do que/quem seja. As coisas vão acontecendo. Elas vão surgindo.
Antigamente, eu pensava em futuro e me via totalmente sozinho. Homossexual, que fazia um curso que não gostava, sem família nem nada. Era triste. Até que parei de pensar nisso. Hoje eu já vou pra cama só na hora que eu sinto sono. Imagina eu pensar hoje em futuro, tendo todos esses aspectos acima mencionados na minha vida, e ainda com AIDS e mais sozinho ainda, sem meu melhor amigo? Nem quero parar pra pensar não.
Parece conselhinho clichê mas, a melhor coisa, é tu pensar no hoje. No hoje. Só no hoje. Sei lá... gosta de uma música, coloca ela no youtube e dança um pouquinho. Entra aí na academia com um amigo - até pra se achar bonito e se divertir também. Não pensa muito no futuro não. Muito menos no passado. O passado não volta. E o futuro talvez nem chegue.
domingo, 11 de outubro de 2015
O Laboratório e o Técnico
Estive sumido aí uns 2 meses...
2 meses bem intensos: apresentei monografia, colei grau, consegui meu primeiro emprego - como professor de inglês - e já dei umas 80 horas de aula. Tô com três turmas e trabalhando quase todo dia. Também comecei minha especialização à distância e já fiz um bocado de atividades e trabalhos. Além disso, fui em várias formaturas, festas, recomecei e terminei namoro. Entrei na academia e malho quase todo dia. Tudo isso nesses poucos 60 dias. Portanto, quase não consegui entrar aqui no blog.
Mas minha saúde está ótima. Estou conseguindo viver muito bem. Não sinto absolutamente nada.
Os 4 meses de remédio que a doutora Z passou para eu pegar - 1 caixa por mês - já estão acabando. Tentei marcar consulta agora para outubro mas não consegui. Parece que uma doutora lá do SAE saiu do cargo e teve que remanejar seus pacientes para as outras duas que continuam trabalhando lá, aí esse mês de outubro ficou destinado a esses pacientes. Vou ter que pegar a quinta caixa de remédio sem a receita, apenas com minha identidade. O pessoal lá falou que isso é possível, e eu espero conseguir.
Mas já marquei a consulta para o dia 19 de novembro. E descobri que agora é possível marcar a consulta e ligar para o SAE para conseguir informações. O que é uma melhora MUITO grande. Ir lá só pra marcar, ou pra ter informações me deixava muito angustiado, tanto por ser muito longe, quanto por eu ter muita vergonha de ir lá. O maior medo, ultimamente, é de algum conhecido me olhar lá na área dos soropositivos. Eu realmente não saberia como agir. Continuam sabendo da minha situação os meus únicos 2 amigos próximos.
Além das 4 caixas de remédio, a doutora Z também passou a receita para eu fazer o exame de CD4/CD8 e carga viral para o dia 02 de outubro, para que se tenha a quantidade de ambos e se o remédio está fazendo efeito. Fiz esses exames nessa semana, lá no Cedro do Jaracati, que é o único laboratório privado da cidade que faz e que o meu plano cobre.
Sempre fico com muita vergonha também.
As atendentes do laboratório sempre me vêem muito estranho. Sempre. É horrível. Mas lá dentro, os técnicos em enfermagem me tratam muito bem. Sempre converso muito com eles. Eu adoro quando eu estou lá dentro. Dessa vez foi o técnico Djalma a me atender. Adorei o tratamento tido por ele. Uma coisa que me deixa muito feliz e, te confesso, me deixa muito tocado, é o fato de eles não terem medo ou nojo de tratar com meu sangue. Quando eu sou furado e começo a sangrar, ocorre a maior porta de saída do vírus da AIDS. Ali, o sangue sai junto com o vírus, escorrendo milhões de cápsulas deles pela minha pele. E essa é a única maneira de se adquirir essa doença incurável. O Djalma, por exemplo, nem ligou. apertou com os dedos, pra estancar, limpou, apertou com um algodão. Conversou comigo bastante. E nem ligava pro sangue saindo. Encheu as seringas e os recipientes e me mostrou que estava com meu nome. Normal.
Depois de já ter tirado o sangue, fui tomar café com biscoito - até porque estava com muita fome e eles pedem pra se fazer o exame em jejum - e o Djalma passou atrás de mim. Ele simplesmente me abraçou meio de lado. Apertando meu ombro. Caramba! Tu não tem noção do sentimento bom que aquilo me deu. Tu não tem noção. Até hoje lembro e fico com o coração cheio de felicidade. Ele tinha tudo pra tentar se esquivar de mim, mas não o fez. Espero que Deus olhe por ele e que veja como ele é especial.
Semana que vem vou lá pegar o resultado. Espero que dê tudo certo e que o resultado exiba uma carga viral bem baixa.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Abosultamente nada mudou.
Não.
No espelho não tem ninguém sujo.
Teu sangue não é veneno nem vai matar ninguém.
Nós somos exatamente como antes.
Absolutamente nada mudou.
O sorriso tem a mesma felicidade. Faz o mesmo som.
O tic-tac do relógio passa na mesma velocidade.
O coração bate do mesmo jeito.
Não é pra achar que o espelho não presta.
O espelho é lindo e vale uma vida inteira, vale todos seus amigos, vale toda sua família.
Absolutamente nada mudou. Nada. E assim vai ser.
No espelho não tem ninguém sujo.
Teu sangue não é veneno nem vai matar ninguém.
Nós somos exatamente como antes.
Absolutamente nada mudou.
O sorriso tem a mesma felicidade. Faz o mesmo som.
O tic-tac do relógio passa na mesma velocidade.
O coração bate do mesmo jeito.
Não é pra achar que o espelho não presta.
O espelho é lindo e vale uma vida inteira, vale todos seus amigos, vale toda sua família.
Absolutamente nada mudou. Nada. E assim vai ser.
quinta-feira, 9 de julho de 2015
O coquetel
Anteontem fui ao SAE e conheci a infectologista que irá me acompanhar por todo o tratamento.
Antes disso, porém, passei por uma situação meio complicada: eu, esperando ser chamado, notei que uma amiga minha e do meu ex - que é enfermeira - estava sentada na ala da saúde da família e quase me olhava. Eu, com medo de ela me olhar na ala dos pacientes de HIV e, porventura, dizer pra ele que eu estou com a doença, saí dali e tentei disfarçar, indo para a rua. No trajeto, ela me olhou e assobiou, me chamando. Virei o rosto, fiz que não olhei e continuei andando, com destino à rua. Foi uma sensação horrível. Saí da clínica e fui dar uma volta, para visitar um amigo e pedir ajuda. Voltei só 1 hora depois e ela não estava mais lá. Até agora meu ex não falou comigo. Espero que ela não conte nada, nem imagine nada. Não quero mesmo que ninguém saiba.
Enfim, quanto à consulta, foi tudo muito bem. A médica é ótima, muito simpática e atenciosa. Olhou meus exames e não constatou nada de anormal neles. E passou esse coquetel da imagem para mim. Ela receitou logo 4 caixas pra mim. Cada caixa dura 30 dias, por conter 30 comprimidos. Mas preciso ir lá buscar uma caixa por vez. O coquetel não tem custo algum para mim. E só preciso do formulário que ela passou para pegá-lo, lá mesmo no SAE.
Esse conquetel é o que há de mais moderno, atualmente, no tratamento contra o vírus do HIV, e engloba três outros medicamentos. Só é necessário 1 comprimido ao dia, de preferência antes de dormir. Essa preferência se dá, principalmente, pelo fato de ele ser muito forte e poder acarretar alguns efeitos colaterais no início do tratamento, como vômitos, náuseas, tonturas e diarreias. Esses efeitos podem durar alguns dias, semanas ou mesmo um mês inteiro, até o corpo se acostumar com os componentes do medicamento. Por sorte, tive apenas tontura e em apenas um dia, no primeiro do tratamento. Acordei no dia seguinte ainda tonto, e durou umas 2 horas. Depois disso, nada mais.
Ontem não senti mais nada. Nem hoje.
Estou muito bem. Não sinto absolutamente nada. Estou me policiando para lembrar diariamente de tomar o coquetel. Mês que vem, vou buscar mais uma caixa e, em outubro, farei o exame de carga viral e CD4 para ver como foi a resposta do meu corpo e do vírus ao medicamento. Até lá, só mesmo um comprimidinho por dia. Nada demais
domingo, 5 de julho de 2015
Fé. Força. Coragem
Ganhei hoje do meu melhor amigo. O que tem escrito é o que eu preciso. E vai ficar comigo, aqui no peito, para me dar Fé, Força e Coragem.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Alguns pormenores
Meu tratamento ainda não começou.
Está marcada para dia 06 de julho minha primeira consulta com a infectologista.
E eu ando um pouco preocupado.
Começaram a acontecer algumas coisas estranhas no meu corpo, e que eu não sei se têm a ver com o HIV:
1 - Ontem no banho, quando eu passava shampoo, minha mão se encheu de fios de cabelo. Eu olhei pra ela, e estava cheia de fios. E quanto mais eu tocava no meu cabelo, mais as mãos se enchiam de fios. Muitos mesmo. O ralo ficou lotado. Chegando no quarto, eu percebi que minha cama estava cheia de cabelo. Hoje, aconteceu o mesmo. Tomei banho e começou a cair muito cabelo. E o ralo de novo cheio. Muito medo. E estou tentando não mexer neles, que é pra não acelerar a queda.
2 - De alguns dias pra cá também, apesar de não estar com garganta inflamada, nem tossindo, nem problema dentário algum, eu sinto - esporadicamente - um gosto de sangue muito forte na boca e, quando eu cuspo, eu percebo que minha saliva tem sangue.Sai com partes vermelho-vivo. Aconteceram umas quatro vezes já. Uma vez, inclusive, foi sexta-feira, quando eu estava beijando uma pessoa na boate. Foi repentino. Ontem, enquanto eu comia um doce, comecei a sentir gosto de sangue de novo. Sem ter mordido nenhuma parte da boca. Ando preocupado demais com isso.
3 - Há uma semana, durante ejaculação, meu sêmen saiu amarelo-escuro. Muito escuro. Por alguns dias isso aconteceu. Não cheirava diferente nem textura também. Mas era totalmente diferente do habitual. Marquei com uma urologista e fui lá anteontem. Ela me passou alguns exames, como espermocultura e peniscopia. Amanhã eu faço ambos.
Enfim, de resto, não sinto dores. Cansaço apenas. Talvez tenha a ver com minha rotina.
Fui à boate sexta, dancei muito. Ao cinema sábado e assisti a uma das melhores animações da minha vida: divertida mente. Recomendo. Ao parque de diversões ontem, e fui na montanha-russa, no Samba, foi ótimo! Banhei na praia hoje com um amigo, e tô vermelhão de sol. Agora estou descansando. Feriadão cheio! Ótima semana!
Está marcada para dia 06 de julho minha primeira consulta com a infectologista.
E eu ando um pouco preocupado.
Começaram a acontecer algumas coisas estranhas no meu corpo, e que eu não sei se têm a ver com o HIV:
1 - Ontem no banho, quando eu passava shampoo, minha mão se encheu de fios de cabelo. Eu olhei pra ela, e estava cheia de fios. E quanto mais eu tocava no meu cabelo, mais as mãos se enchiam de fios. Muitos mesmo. O ralo ficou lotado. Chegando no quarto, eu percebi que minha cama estava cheia de cabelo. Hoje, aconteceu o mesmo. Tomei banho e começou a cair muito cabelo. E o ralo de novo cheio. Muito medo. E estou tentando não mexer neles, que é pra não acelerar a queda.
2 - De alguns dias pra cá também, apesar de não estar com garganta inflamada, nem tossindo, nem problema dentário algum, eu sinto - esporadicamente - um gosto de sangue muito forte na boca e, quando eu cuspo, eu percebo que minha saliva tem sangue.Sai com partes vermelho-vivo. Aconteceram umas quatro vezes já. Uma vez, inclusive, foi sexta-feira, quando eu estava beijando uma pessoa na boate. Foi repentino. Ontem, enquanto eu comia um doce, comecei a sentir gosto de sangue de novo. Sem ter mordido nenhuma parte da boca. Ando preocupado demais com isso.
3 - Há uma semana, durante ejaculação, meu sêmen saiu amarelo-escuro. Muito escuro. Por alguns dias isso aconteceu. Não cheirava diferente nem textura também. Mas era totalmente diferente do habitual. Marquei com uma urologista e fui lá anteontem. Ela me passou alguns exames, como espermocultura e peniscopia. Amanhã eu faço ambos.
Enfim, de resto, não sinto dores. Cansaço apenas. Talvez tenha a ver com minha rotina.
Fui à boate sexta, dancei muito. Ao cinema sábado e assisti a uma das melhores animações da minha vida: divertida mente. Recomendo. Ao parque de diversões ontem, e fui na montanha-russa, no Samba, foi ótimo! Banhei na praia hoje com um amigo, e tô vermelhão de sol. Agora estou descansando. Feriadão cheio! Ótima semana!
terça-feira, 23 de junho de 2015
13180
É. Tem umas 13.180 cópias do vírus HIV em cada ml de sangue do meu corpo. Dá aí um meio-Brasil de vírus fazendo a festa nos meus 5 litros de sangue. Mas não sinto absolutamente nada. A não ser preocupação mesmo. E medo. Muito medo.
O valor de referência no exame é só Não Detectado. Não especifica se 13.180 é pouco ou muito. Li alguma coisa de pessoas com 5, 10, até 15 vezes esse valor. Li também que, no começo da doença, pode estar um valor alto, alterado, por causa do não aparecimento ainda dos combatentes do vírus. Não sei. Esses 13.180 dão um total de 4,12 Log/ml. Outro resultado do teste de Carga Viral. Mas é só como se passasse o valor para potência de 10. Um valor menor, para que melhor se visualize.
Quanto aos Linfócitos CD4+, eu estou bem: 813/mm³. E o bom é que esteja acima de 500.
Esses Linfócitos são as células de defesa do organismo. Apesar de serem o local perfeito para procriação do vírus HIV, essas células combatem vírus e bactérias que porventura venham a atacar o organismo. Portanto, deve haver uma enorme atenção a esse número. Os Linfócitos CD8 são auxiliares, e eu tenho 1.831/mm³ deles, o que dá um total de 2.655/mm³ de Linfócitos. Uma boa defesa, segundo o doutor H.
Quanto aos demais exames, houve uma preocupação com o Citomegalovirus.
Primeiramente, explicarei aqui o resultado do teste.
Há duas contagens para alguns exames, como esse e o de toxoplasmose: o IgG - Imunoglobulina G e o IgM - Imunoglobulina M.
São anticorpos.
O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido, embora seja mal qualificado, mal formado e, quando positivo, sugerir uma fase inicial da infecção. Basicamente, é como se um mosquito viesse lhe picar e, você assustado, tentasse bater palma pra matá-lo. Já o IgG é o mais eficiente anticorpo de defesa, e aparece um pouco após a produção do IgM e permanece no organismo da pessoa infectada para sempre, constituindo o que se chama de cicatriz sorológica e protegente o corpo permanentemente contra aquela doença. Na nossa analogia, é como se colocássemos telas nas janelas, inseticidas pela casa e um óleo protetor na pele - demanda muito mais tempo para realizar essas tarefas mas protege muito mais que o simples tapa. O melhor é que o IgM dê negativo e o IgG positivo. Isso quer dizer que já houve a fase aguda da doença e o IgG foi produzido o suficiente para derrubar a doença e proteger para sempre o organismo. Esse foi o resultado do meu exame de toxoplasmose.
Porém no de Citomegalovirus, ambos deram positivo. O que, em tese, aparenta a fase aguda da doença. Mas não sinto absolutamente nada. Eu li a respeito, e esse vírus fica latente no corpo para sempre, não tem cura, tem em cerca de 80% da população mundial, mas quase nunca dá sintomas. Porém, em pacientes imunodepressivos, ele pode trazer inúmeros problemas. Os piores são o comprometimento do sistema nervoso, fígado, diversas inflamações, como do baço, pâncreas, linfos, ou então coriorretinite, levando à perda parcial da visão e/ou cegueira. O Doutor H. me perguntou como estava minha visão ou se eu sentia dores de cabeça. "Não. Nada."
Em relação aos outros exames, tudo certinho. Negativo para tuberculose, para toxoplasmose, plaquetas normais, ótima coagulação, colesterol bom, triglicérides também.
Depois de amanhã, marcarei minha consulta com a infectologista e ela me receitará o coquetel adequado ao meu caso.
O valor de referência no exame é só Não Detectado. Não especifica se 13.180 é pouco ou muito. Li alguma coisa de pessoas com 5, 10, até 15 vezes esse valor. Li também que, no começo da doença, pode estar um valor alto, alterado, por causa do não aparecimento ainda dos combatentes do vírus. Não sei. Esses 13.180 dão um total de 4,12 Log/ml. Outro resultado do teste de Carga Viral. Mas é só como se passasse o valor para potência de 10. Um valor menor, para que melhor se visualize.
Quanto aos Linfócitos CD4+, eu estou bem: 813/mm³. E o bom é que esteja acima de 500.
Esses Linfócitos são as células de defesa do organismo. Apesar de serem o local perfeito para procriação do vírus HIV, essas células combatem vírus e bactérias que porventura venham a atacar o organismo. Portanto, deve haver uma enorme atenção a esse número. Os Linfócitos CD8 são auxiliares, e eu tenho 1.831/mm³ deles, o que dá um total de 2.655/mm³ de Linfócitos. Uma boa defesa, segundo o doutor H.
Quanto aos demais exames, houve uma preocupação com o Citomegalovirus.
Primeiramente, explicarei aqui o resultado do teste.
Há duas contagens para alguns exames, como esse e o de toxoplasmose: o IgG - Imunoglobulina G e o IgM - Imunoglobulina M.
São anticorpos.
O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido, embora seja mal qualificado, mal formado e, quando positivo, sugerir uma fase inicial da infecção. Basicamente, é como se um mosquito viesse lhe picar e, você assustado, tentasse bater palma pra matá-lo. Já o IgG é o mais eficiente anticorpo de defesa, e aparece um pouco após a produção do IgM e permanece no organismo da pessoa infectada para sempre, constituindo o que se chama de cicatriz sorológica e protegente o corpo permanentemente contra aquela doença. Na nossa analogia, é como se colocássemos telas nas janelas, inseticidas pela casa e um óleo protetor na pele - demanda muito mais tempo para realizar essas tarefas mas protege muito mais que o simples tapa. O melhor é que o IgM dê negativo e o IgG positivo. Isso quer dizer que já houve a fase aguda da doença e o IgG foi produzido o suficiente para derrubar a doença e proteger para sempre o organismo. Esse foi o resultado do meu exame de toxoplasmose.
Porém no de Citomegalovirus, ambos deram positivo. O que, em tese, aparenta a fase aguda da doença. Mas não sinto absolutamente nada. Eu li a respeito, e esse vírus fica latente no corpo para sempre, não tem cura, tem em cerca de 80% da população mundial, mas quase nunca dá sintomas. Porém, em pacientes imunodepressivos, ele pode trazer inúmeros problemas. Os piores são o comprometimento do sistema nervoso, fígado, diversas inflamações, como do baço, pâncreas, linfos, ou então coriorretinite, levando à perda parcial da visão e/ou cegueira. O Doutor H. me perguntou como estava minha visão ou se eu sentia dores de cabeça. "Não. Nada."
Em relação aos outros exames, tudo certinho. Negativo para tuberculose, para toxoplasmose, plaquetas normais, ótima coagulação, colesterol bom, triglicérides também.
Depois de amanhã, marcarei minha consulta com a infectologista e ela me receitará o coquetel adequado ao meu caso.
domingo, 14 de junho de 2015
Os exames
Terminando o final de semana e, finalmente conseguindo um tempo para escrever aqui no blog.
É monografia, projetos de uma cliente, cheio de trabalho no estágio, aula, vida social, e ainda peguei zika - uma doença que deixa o corpo todo empolado e as juntas doloridas. Semana muito movimentada.
Na quinta-feira eu fui ao laboratório cedro pra fazer meus exames que o Doutor H. requisitou. Fui em jejum, e bem cedo. Mas, depois de já ter passado pela parte da senha, entregado as requisições do SAE, e feito meu cadastro no sistema, a atendente me alertou para o fato de a assinatura do doutor ser de um enfermeiro e o plano não aceitar. Aceita apenas de médico. Tentei conversar mas não deu em nada. Logo voltei ao SAE e consegui falar com o doutor H. Expliquei a ele tudo que tinha acontecido e nem ele sabia que a assinatura do enfermeiro não era aceita pelo plano. Ele conseguiu, finalmente as assinaturas de um médico, só que já era tarde e eu já estava há mais de 15 horas em jejum. Talvez isso interferisse no resultado, não sei. Preferi ir no dia seguinte.
Na sexta-feira eu fui novamente ao cedro, levando os potinhos com fezes e urina e em jejum. Dessa vez deu certo. Mas os exames de carga viral do HIV e linfócitos CD4+ são realizados apenas de segunda a quinta-feira. Precisarei voltar amanhã para fazê-los. Mas eu precisaria voltar amanhã mesmo, já que um dos exames feitos - o de PPD (tuberculose) - requer que o paciente volte para ser examinado após 3 dias de feito, caindo justamente na segunda-feira.
Perguntei para atendente quanto tempo demoraria para receber os exames. Ela respondeu que, excluindo o da carga viral do HIV e linfócitos CD4+, todos os outros são entregues em até 3 dias. Porém esses primeiros levam até 7 dias, já que são analisados por uma empresa terceirizada. Enquanto ela me dizia isso e olhava a tela do computador, eu também virei os olhos para ver a tela e percebi o preço do exame de carga viral do HIV: R$400,00. Agradeci a Deus por ter plano e ele cobrir.
Na própria SAE, pela rede pública, esse exame pode ser feito, mas demora até 30 dias para ser entregue, além de apenas poucos desses outros exames requeridos pelo médico serem feitos lá.
Entrei na sala de coleta, entreguei os potes com fezes e urina e fui recebido pela técnica de enfermagem F., que foi super carinhosa comigo e logo notou da pendência dos exames de HIV. Me perguntou o que eu sentia e, primeiramente o susto dela e as observações sobre a doença não me tranquilizaram muito. Ela, muito transparente, disse que a notícia deve parecer com o fim de uma vida, que tudo desmorona. "De fato, F. Já chorei muito, muito mesmo, mas eu tô me empenhando pra fazer o tratamento. Tô bem, e vou ficar melhor ainda!". Ela logo concordou e disse que tem uma amiga que já vive há uma década com a doença e está muito bem.
No sábado, o laboratório cedro me acordou com uma chamada telefônica. A atendente pediu para que eu refizesse o exame de coagulograma. Ela também não sabia o porquê disso, mas o laboratório que analisa, pediu para que eu refizesse o exame. Fiquei com medo, confesso. Amanhã farei todos esses exames pendentes. Quero muito saber dos resultados.
É monografia, projetos de uma cliente, cheio de trabalho no estágio, aula, vida social, e ainda peguei zika - uma doença que deixa o corpo todo empolado e as juntas doloridas. Semana muito movimentada.
Na quinta-feira eu fui ao laboratório cedro pra fazer meus exames que o Doutor H. requisitou. Fui em jejum, e bem cedo. Mas, depois de já ter passado pela parte da senha, entregado as requisições do SAE, e feito meu cadastro no sistema, a atendente me alertou para o fato de a assinatura do doutor ser de um enfermeiro e o plano não aceitar. Aceita apenas de médico. Tentei conversar mas não deu em nada. Logo voltei ao SAE e consegui falar com o doutor H. Expliquei a ele tudo que tinha acontecido e nem ele sabia que a assinatura do enfermeiro não era aceita pelo plano. Ele conseguiu, finalmente as assinaturas de um médico, só que já era tarde e eu já estava há mais de 15 horas em jejum. Talvez isso interferisse no resultado, não sei. Preferi ir no dia seguinte.
Na sexta-feira eu fui novamente ao cedro, levando os potinhos com fezes e urina e em jejum. Dessa vez deu certo. Mas os exames de carga viral do HIV e linfócitos CD4+ são realizados apenas de segunda a quinta-feira. Precisarei voltar amanhã para fazê-los. Mas eu precisaria voltar amanhã mesmo, já que um dos exames feitos - o de PPD (tuberculose) - requer que o paciente volte para ser examinado após 3 dias de feito, caindo justamente na segunda-feira.
Perguntei para atendente quanto tempo demoraria para receber os exames. Ela respondeu que, excluindo o da carga viral do HIV e linfócitos CD4+, todos os outros são entregues em até 3 dias. Porém esses primeiros levam até 7 dias, já que são analisados por uma empresa terceirizada. Enquanto ela me dizia isso e olhava a tela do computador, eu também virei os olhos para ver a tela e percebi o preço do exame de carga viral do HIV: R$400,00. Agradeci a Deus por ter plano e ele cobrir.
Na própria SAE, pela rede pública, esse exame pode ser feito, mas demora até 30 dias para ser entregue, além de apenas poucos desses outros exames requeridos pelo médico serem feitos lá.
Entrei na sala de coleta, entreguei os potes com fezes e urina e fui recebido pela técnica de enfermagem F., que foi super carinhosa comigo e logo notou da pendência dos exames de HIV. Me perguntou o que eu sentia e, primeiramente o susto dela e as observações sobre a doença não me tranquilizaram muito. Ela, muito transparente, disse que a notícia deve parecer com o fim de uma vida, que tudo desmorona. "De fato, F. Já chorei muito, muito mesmo, mas eu tô me empenhando pra fazer o tratamento. Tô bem, e vou ficar melhor ainda!". Ela logo concordou e disse que tem uma amiga que já vive há uma década com a doença e está muito bem.
No sábado, o laboratório cedro me acordou com uma chamada telefônica. A atendente pediu para que eu refizesse o exame de coagulograma. Ela também não sabia o porquê disso, mas o laboratório que analisa, pediu para que eu refizesse o exame. Fiquei com medo, confesso. Amanhã farei todos esses exames pendentes. Quero muito saber dos resultados.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Primeira Consulta
Hoje tive minha primeira consulta.
Tive que ir ontem ao SAE só para marcá-la e eu não sabia desse processo. Levei um amigo comigo que sabe, e que queria muito me acompanhar. Ele queria falar com o médico para perguntar tudo que eu poderia ter dúvida e esquecesse. Não deu certo. Mas nós vimos como é lá: ontem nós ficamos em pé, estava quente, o atendimento não estava tão bom. Demoramos uns 40 minutos só para marcar a consulta. Preferi que ele não fosse hoje.
Mas hoje foi totalmente diferente. Cheguei e havia várias cadeiras vazias. Não tinha nem metade de pacientes que tinha ontem. Acredito que estivesse daquele jeito por ter sido segunda-feira e/ou logo após um feriadão - que começou na quinta. Deve ter acumulado pacientes e exames, já que não abriu o SAE esses dias. Agora eu já sei: nunca vou no dia após feriados e finais de semana.Terça-feira está bom.
Cheguei lá bem cedo, uns quinze minutos antes do médico. 13:45. Mesmo assim havia 4 pessoas na minha frente e fui atendido umas 3 da tarde. Esse tempo fez eu pensar um pouco na vida e, confesso que me senti envergonhado, ali na espera. O SAE a qual eu estou indo é uma bancada com umas salas em volta e uma área na frente da bancada com seis cadeiras. Só que próximo ao SAE há outra bancada, o da Saúde na Família, e vai muita senhora, crianças e jovens se consultarem. Odeio os olhares de vez em quando. Fiquei com muito receio de algum conhecido me olhar. Mas, pensando bem, se olhar... tudo bem. Estou ali para me cuidar e será assim por um bom tempo também. É me acostumar logo.
Eu me senti muito à vontade no consultório. O doutor H. - como vou chamá-lo aqui - me recebeu muito bem. Ele estava acompanhado por dois jovens estudantes de enfermagem: a menina escrevia meu prontuário e o menino observava. O doutor H. me fez inúmeras perguntas, como meu estilo de vida, hábitos alimentares, se eu fumo, se eu bebo, minha condição sexual, histórico de doenças na família, além de verificar meu peso, minha altura, pressão sanguínea e pele. Ele explicou - tanto para mim quanto para os estudantes - como o vírus atua, o que eu poderia sentir nos primeiros dias, como serão as consultas e quais exames eu terei que fazer.
Logo após a consulta, fui direcionado para a sala da Assistente Social e conversei bastante com ela. Ali era bem mais informal e não tinha aquela leve pressão que eu senti com os estudantes me analisando. Acabei chorando muito. Desabafei bastante com a assistente social. Eu precisava muito disso. Ela me aconselhou um grupo de terapia com outros portadores e me deu o número do organizador. Além disso, a assistente me entregou um livrinho educativo com uma história em quadrinhos sobre dois amigos conversando sobre a doença.
Saí com esse livro, um papelzinho com o telefone do organizador, um folheto explicativo sobre a tuberculose e as 4 requisições com 6 exames para eu fazer: um exame de toxoplasmose, um hemograma completo, leishmaniose, PPD, carga viral e CD4+. Esses são por exame de sangue. Além desses, fezes e urina.
Amanhã começarei a fazer os exames. Verificarei primeiramente a possibilidade em fazê-los pela rede privada de laboratórios, já que possuo o cartão do plano de Saúde. Se eu não conseguir, voltarei ao SAE para fazê-lo. Entregar depois os exames ao médico.
Eu me sinto bem. Nenhuma dor. Bem melhor psicologicamente. No momento, o que mais tira meu sono é minha monografia mesmo. Preciso entregar as 60 páginas até semana que vem. 47 ainda. =/
Tive que ir ontem ao SAE só para marcá-la e eu não sabia desse processo. Levei um amigo comigo que sabe, e que queria muito me acompanhar. Ele queria falar com o médico para perguntar tudo que eu poderia ter dúvida e esquecesse. Não deu certo. Mas nós vimos como é lá: ontem nós ficamos em pé, estava quente, o atendimento não estava tão bom. Demoramos uns 40 minutos só para marcar a consulta. Preferi que ele não fosse hoje.
Mas hoje foi totalmente diferente. Cheguei e havia várias cadeiras vazias. Não tinha nem metade de pacientes que tinha ontem. Acredito que estivesse daquele jeito por ter sido segunda-feira e/ou logo após um feriadão - que começou na quinta. Deve ter acumulado pacientes e exames, já que não abriu o SAE esses dias. Agora eu já sei: nunca vou no dia após feriados e finais de semana.Terça-feira está bom.
Cheguei lá bem cedo, uns quinze minutos antes do médico. 13:45. Mesmo assim havia 4 pessoas na minha frente e fui atendido umas 3 da tarde. Esse tempo fez eu pensar um pouco na vida e, confesso que me senti envergonhado, ali na espera. O SAE a qual eu estou indo é uma bancada com umas salas em volta e uma área na frente da bancada com seis cadeiras. Só que próximo ao SAE há outra bancada, o da Saúde na Família, e vai muita senhora, crianças e jovens se consultarem. Odeio os olhares de vez em quando. Fiquei com muito receio de algum conhecido me olhar. Mas, pensando bem, se olhar... tudo bem. Estou ali para me cuidar e será assim por um bom tempo também. É me acostumar logo.
Eu me senti muito à vontade no consultório. O doutor H. - como vou chamá-lo aqui - me recebeu muito bem. Ele estava acompanhado por dois jovens estudantes de enfermagem: a menina escrevia meu prontuário e o menino observava. O doutor H. me fez inúmeras perguntas, como meu estilo de vida, hábitos alimentares, se eu fumo, se eu bebo, minha condição sexual, histórico de doenças na família, além de verificar meu peso, minha altura, pressão sanguínea e pele. Ele explicou - tanto para mim quanto para os estudantes - como o vírus atua, o que eu poderia sentir nos primeiros dias, como serão as consultas e quais exames eu terei que fazer.
Logo após a consulta, fui direcionado para a sala da Assistente Social e conversei bastante com ela. Ali era bem mais informal e não tinha aquela leve pressão que eu senti com os estudantes me analisando. Acabei chorando muito. Desabafei bastante com a assistente social. Eu precisava muito disso. Ela me aconselhou um grupo de terapia com outros portadores e me deu o número do organizador. Além disso, a assistente me entregou um livrinho educativo com uma história em quadrinhos sobre dois amigos conversando sobre a doença.
Saí com esse livro, um papelzinho com o telefone do organizador, um folheto explicativo sobre a tuberculose e as 4 requisições com 6 exames para eu fazer: um exame de toxoplasmose, um hemograma completo, leishmaniose, PPD, carga viral e CD4+. Esses são por exame de sangue. Além desses, fezes e urina.
Amanhã começarei a fazer os exames. Verificarei primeiramente a possibilidade em fazê-los pela rede privada de laboratórios, já que possuo o cartão do plano de Saúde. Se eu não conseguir, voltarei ao SAE para fazê-lo. Entregar depois os exames ao médico.
Eu me sinto bem. Nenhuma dor. Bem melhor psicologicamente. No momento, o que mais tira meu sono é minha monografia mesmo. Preciso entregar as 60 páginas até semana que vem. 47 ainda. =/
sábado, 6 de junho de 2015
O psicológico
Eu já percebi que ficar sozinho, deitado, sem fazer nada, mesmo que seja naquele fingimento dos olhos fechados, se preparando pra dormir, faz a doença vir à tona.
Quando eu saio com minha mãe, com meus amigos, quando eu jogo vídeo-game, trabalho de faculdade, assisto vídeos de música, isso não aparece. Eu preciso estar em movimento.
De fato, não sinto dor alguma. A doença, por enquanto, é psicológica. E eu estou aceitando bem.
Além do mais, ler sobre a doença tranquiliza bastante, porque o que se sabe sobre ela é que matava quase certo há uns 30 anos, Cazuza, o monstro do "use camisinha, AIDS não tem cura", fora que eu, particularmente, não conheço ninguém com HIV. Ninguém. O que faz eu não conseguir tirar dúvidas mais pessoais ou ver como alguém está lidando com a doença, ou conversar sobre o tema. Blogs de soropositivos são muito importantes por isso e na internet há vários deles.
Mamãe não percebeu ainda nada. Ontem rimos muito à noite, juntos. Conversamos sobre tudo. Eu penso em não falar para ela. Eu a conheço e sei que irá atrapalhar mais a situação. Três amigos próximos sabem. Contei a eles porque são meus melhores amigos e sabem de toda vida. E eles me deram total apoio. Tentarei tomar o coquetel direitinho, indo lá pegar de 30 em 30 dias, fazer os exames, falar tudo o que sinto para o meu infectologista.
E tudo isso começa segunda-feira. Segunda-feira, eu irei, pela primeira vez, ao SAE.
Segunda-feira começa a minha luta contra a AIDS.
Quando eu saio com minha mãe, com meus amigos, quando eu jogo vídeo-game, trabalho de faculdade, assisto vídeos de música, isso não aparece. Eu preciso estar em movimento.
De fato, não sinto dor alguma. A doença, por enquanto, é psicológica. E eu estou aceitando bem.
Além do mais, ler sobre a doença tranquiliza bastante, porque o que se sabe sobre ela é que matava quase certo há uns 30 anos, Cazuza, o monstro do "use camisinha, AIDS não tem cura", fora que eu, particularmente, não conheço ninguém com HIV. Ninguém. O que faz eu não conseguir tirar dúvidas mais pessoais ou ver como alguém está lidando com a doença, ou conversar sobre o tema. Blogs de soropositivos são muito importantes por isso e na internet há vários deles.
Mamãe não percebeu ainda nada. Ontem rimos muito à noite, juntos. Conversamos sobre tudo. Eu penso em não falar para ela. Eu a conheço e sei que irá atrapalhar mais a situação. Três amigos próximos sabem. Contei a eles porque são meus melhores amigos e sabem de toda vida. E eles me deram total apoio. Tentarei tomar o coquetel direitinho, indo lá pegar de 30 em 30 dias, fazer os exames, falar tudo o que sinto para o meu infectologista.
E tudo isso começa segunda-feira. Segunda-feira, eu irei, pela primeira vez, ao SAE.
Segunda-feira começa a minha luta contra a AIDS.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
48 horas
Descobri tem 48 horas. Mas há bem mais de 2 dias que o vírus do HIV está no meu sangue. Na verdade, não sei quando foi. Nem com quem foi. Como foi, eu tenho certeza: relação sexual sem camisinha.
Tenho 23 anos. Sou homossexual. Nunca usei drogas, nem cigarro, bebo muito raramente. Estou terminando a faculdade de Engenharia Civil. E passei o começo do ano querendo curtir e procurando alguém especial. Para isso, baixei esses aplicativos de busca de parceiros e saí com alguns. Na tentativa de fazer o outro se sentir bem, mais confortável, eu acabava negligenciando a camisinha. Na cama, até passava na minha cabeça o problema que isso poderia acarretar, mas eu acreditava que aquele rapaz não teria nada. A gente sempre pensa que não vai acontecer com a gente. Foi o que acarretou nisso tudo. Com alguns parceiros, foi só uma vez. Com outros, ainda mantenho amizade, mas não tenho coragem de me abrir quanto a esse problema e nem de avisar que ele pode ter tido também. De fato, o que me dá muito medo é de ter me contaminado pelo HIV e então ter transado com outros. Como eu não sei quem foi, pode ter sido o primeiro do ano, ou o último. E se foi o primeiro? A maior culpa no momento é essa.
Eu sei que, até outubro de 2014, eu não tinha. Fiz o exame naquela época, porque transava com meu ex-namorado sem camisinha e, com o término do namoro e uma provável traição, eu fiquei com muito receio. Não-reagente ao HIV. Foi uma felicidade.
De lá pra cá, fiz muita besteira, e o resultado mudou.
Dia 03 de junho de 2015:
Eu fui ao CTA - Centro de Testagem e Diagnóstico - sozinho. Cheguei às 11 horas. Fui porque eu estava com muito receio, e um amigo meu de São Paulo me lembrou que é bom eu fazer o teste para trazer tranquilidade à cabeça. Não foi bem isso que aconteceu. Mas pelo menos agora eu posso saber do problema que existe em mim. Ele existiria, de qualquer maneira, eu sabendo ou não. Então é melhor eu compreendê-lo para que eu possa enfrentá-lo da maneira correta. Cheguei lá e tive que preencher uma ficha com meus dados. Só havia uma pessoa na minha frente. Entrei na sala da coleta e a enfermeira me tratou muito bem. Na verdade, todo mundo do CTA parecia muito simpático, conversava comigo, me tratava muito bem. A enfermeira furou então meu dedo e pingou uma gota nos três equipamentos - HIV, Sífilis e Hepatite Viral. Com o pingar de um soro, se mudasse a cor do sangue em algum equipamento, é porque eu teria um desses vírus. Fui para a sala de espera. Eram várias cadeiras, umas 4 filas de cadeiras. Eu estava na primeira fila, a mais próxima da televisão. Passava Encontro com Fátima Bernardes, debate sobre o preconceito racial. Na sala tinha um menino jovem esperando o resultado, um outro rapaz, mais velho, e um casal. Tanto o jovem quanto o mais velho receberam o resultado em uma sala com a placa escrita Aconselhamento na porta. Na minha vez, uma outra menina me chamou no Consultório Médico. O nome dela era Darliane. Eu estava com muito medo. Medo. Achei estranho me chamarem nessa sala. Ela pediu pra eu sentar e começou a fazer algumas perguntas: Com quantos parceiros você teve relação sexual? Fuma? Bebe?
Eu logo perguntei: deu algum problema?
Sim.
- Mas foi com o pior?
HIV
Tenho 23 anos. Sou homossexual. Nunca usei drogas, nem cigarro, bebo muito raramente. Estou terminando a faculdade de Engenharia Civil. E passei o começo do ano querendo curtir e procurando alguém especial. Para isso, baixei esses aplicativos de busca de parceiros e saí com alguns. Na tentativa de fazer o outro se sentir bem, mais confortável, eu acabava negligenciando a camisinha. Na cama, até passava na minha cabeça o problema que isso poderia acarretar, mas eu acreditava que aquele rapaz não teria nada. A gente sempre pensa que não vai acontecer com a gente. Foi o que acarretou nisso tudo. Com alguns parceiros, foi só uma vez. Com outros, ainda mantenho amizade, mas não tenho coragem de me abrir quanto a esse problema e nem de avisar que ele pode ter tido também. De fato, o que me dá muito medo é de ter me contaminado pelo HIV e então ter transado com outros. Como eu não sei quem foi, pode ter sido o primeiro do ano, ou o último. E se foi o primeiro? A maior culpa no momento é essa.
Eu sei que, até outubro de 2014, eu não tinha. Fiz o exame naquela época, porque transava com meu ex-namorado sem camisinha e, com o término do namoro e uma provável traição, eu fiquei com muito receio. Não-reagente ao HIV. Foi uma felicidade.
De lá pra cá, fiz muita besteira, e o resultado mudou.
Dia 03 de junho de 2015:
Eu fui ao CTA - Centro de Testagem e Diagnóstico - sozinho. Cheguei às 11 horas. Fui porque eu estava com muito receio, e um amigo meu de São Paulo me lembrou que é bom eu fazer o teste para trazer tranquilidade à cabeça. Não foi bem isso que aconteceu. Mas pelo menos agora eu posso saber do problema que existe em mim. Ele existiria, de qualquer maneira, eu sabendo ou não. Então é melhor eu compreendê-lo para que eu possa enfrentá-lo da maneira correta. Cheguei lá e tive que preencher uma ficha com meus dados. Só havia uma pessoa na minha frente. Entrei na sala da coleta e a enfermeira me tratou muito bem. Na verdade, todo mundo do CTA parecia muito simpático, conversava comigo, me tratava muito bem. A enfermeira furou então meu dedo e pingou uma gota nos três equipamentos - HIV, Sífilis e Hepatite Viral. Com o pingar de um soro, se mudasse a cor do sangue em algum equipamento, é porque eu teria um desses vírus. Fui para a sala de espera. Eram várias cadeiras, umas 4 filas de cadeiras. Eu estava na primeira fila, a mais próxima da televisão. Passava Encontro com Fátima Bernardes, debate sobre o preconceito racial. Na sala tinha um menino jovem esperando o resultado, um outro rapaz, mais velho, e um casal. Tanto o jovem quanto o mais velho receberam o resultado em uma sala com a placa escrita Aconselhamento na porta. Na minha vez, uma outra menina me chamou no Consultório Médico. O nome dela era Darliane. Eu estava com muito medo. Medo. Achei estranho me chamarem nessa sala. Ela pediu pra eu sentar e começou a fazer algumas perguntas: Com quantos parceiros você teve relação sexual? Fuma? Bebe?
Eu logo perguntei: deu algum problema?
Sim.
- Mas foi com o pior?
HIV
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