2 meses bem intensos: apresentei monografia, colei grau, consegui meu primeiro emprego - como professor de inglês - e já dei umas 80 horas de aula. Tô com três turmas e trabalhando quase todo dia. Também comecei minha especialização à distância e já fiz um bocado de atividades e trabalhos. Além disso, fui em várias formaturas, festas, recomecei e terminei namoro. Entrei na academia e malho quase todo dia. Tudo isso nesses poucos 60 dias. Portanto, quase não consegui entrar aqui no blog.
Mas minha saúde está ótima. Estou conseguindo viver muito bem. Não sinto absolutamente nada.
Os 4 meses de remédio que a doutora Z passou para eu pegar - 1 caixa por mês - já estão acabando. Tentei marcar consulta agora para outubro mas não consegui. Parece que uma doutora lá do SAE saiu do cargo e teve que remanejar seus pacientes para as outras duas que continuam trabalhando lá, aí esse mês de outubro ficou destinado a esses pacientes. Vou ter que pegar a quinta caixa de remédio sem a receita, apenas com minha identidade. O pessoal lá falou que isso é possível, e eu espero conseguir.
Mas já marquei a consulta para o dia 19 de novembro. E descobri que agora é possível marcar a consulta e ligar para o SAE para conseguir informações. O que é uma melhora MUITO grande. Ir lá só pra marcar, ou pra ter informações me deixava muito angustiado, tanto por ser muito longe, quanto por eu ter muita vergonha de ir lá. O maior medo, ultimamente, é de algum conhecido me olhar lá na área dos soropositivos. Eu realmente não saberia como agir. Continuam sabendo da minha situação os meus únicos 2 amigos próximos.
Além das 4 caixas de remédio, a doutora Z também passou a receita para eu fazer o exame de CD4/CD8 e carga viral para o dia 02 de outubro, para que se tenha a quantidade de ambos e se o remédio está fazendo efeito. Fiz esses exames nessa semana, lá no Cedro do Jaracati, que é o único laboratório privado da cidade que faz e que o meu plano cobre.
Sempre fico com muita vergonha também.
As atendentes do laboratório sempre me vêem muito estranho. Sempre. É horrível. Mas lá dentro, os técnicos em enfermagem me tratam muito bem. Sempre converso muito com eles. Eu adoro quando eu estou lá dentro. Dessa vez foi o técnico Djalma a me atender. Adorei o tratamento tido por ele. Uma coisa que me deixa muito feliz e, te confesso, me deixa muito tocado, é o fato de eles não terem medo ou nojo de tratar com meu sangue. Quando eu sou furado e começo a sangrar, ocorre a maior porta de saída do vírus da AIDS. Ali, o sangue sai junto com o vírus, escorrendo milhões de cápsulas deles pela minha pele. E essa é a única maneira de se adquirir essa doença incurável. O Djalma, por exemplo, nem ligou. apertou com os dedos, pra estancar, limpou, apertou com um algodão. Conversou comigo bastante. E nem ligava pro sangue saindo. Encheu as seringas e os recipientes e me mostrou que estava com meu nome. Normal.
Depois de já ter tirado o sangue, fui tomar café com biscoito - até porque estava com muita fome e eles pedem pra se fazer o exame em jejum - e o Djalma passou atrás de mim. Ele simplesmente me abraçou meio de lado. Apertando meu ombro. Caramba! Tu não tem noção do sentimento bom que aquilo me deu. Tu não tem noção. Até hoje lembro e fico com o coração cheio de felicidade. Ele tinha tudo pra tentar se esquivar de mim, mas não o fez. Espero que Deus olhe por ele e que veja como ele é especial.
Semana que vem vou lá pegar o resultado. Espero que dê tudo certo e que o resultado exiba uma carga viral bem baixa.
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