Meu tratamento ainda não começou.
Está marcada para dia 06 de julho minha primeira consulta com a infectologista.
E eu ando um pouco preocupado.
Começaram a acontecer algumas coisas estranhas no meu corpo, e que eu não sei se têm a ver com o HIV:
1 - Ontem no banho, quando eu passava shampoo, minha mão se encheu de fios de cabelo. Eu olhei pra ela, e estava cheia de fios. E quanto mais eu tocava no meu cabelo, mais as mãos se enchiam de fios. Muitos mesmo. O ralo ficou lotado. Chegando no quarto, eu percebi que minha cama estava cheia de cabelo. Hoje, aconteceu o mesmo. Tomei banho e começou a cair muito cabelo. E o ralo de novo cheio. Muito medo. E estou tentando não mexer neles, que é pra não acelerar a queda.
2 - De alguns dias pra cá também, apesar de não estar com garganta inflamada, nem tossindo, nem problema dentário algum, eu sinto - esporadicamente - um gosto de sangue muito forte na boca e, quando eu cuspo, eu percebo que minha saliva tem sangue.Sai com partes vermelho-vivo. Aconteceram umas quatro vezes já. Uma vez, inclusive, foi sexta-feira, quando eu estava beijando uma pessoa na boate. Foi repentino. Ontem, enquanto eu comia um doce, comecei a sentir gosto de sangue de novo. Sem ter mordido nenhuma parte da boca. Ando preocupado demais com isso.
3 - Há uma semana, durante ejaculação, meu sêmen saiu amarelo-escuro. Muito escuro. Por alguns dias isso aconteceu. Não cheirava diferente nem textura também. Mas era totalmente diferente do habitual. Marquei com uma urologista e fui lá anteontem. Ela me passou alguns exames, como espermocultura e peniscopia. Amanhã eu faço ambos.
Enfim, de resto, não sinto dores. Cansaço apenas. Talvez tenha a ver com minha rotina.
Fui à boate sexta, dancei muito. Ao cinema sábado e assisti a uma das melhores animações da minha vida: divertida mente. Recomendo. Ao parque de diversões ontem, e fui na montanha-russa, no Samba, foi ótimo! Banhei na praia hoje com um amigo, e tô vermelhão de sol. Agora estou descansando. Feriadão cheio! Ótima semana!
segunda-feira, 29 de junho de 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
13180
É. Tem umas 13.180 cópias do vírus HIV em cada ml de sangue do meu corpo. Dá aí um meio-Brasil de vírus fazendo a festa nos meus 5 litros de sangue. Mas não sinto absolutamente nada. A não ser preocupação mesmo. E medo. Muito medo.
O valor de referência no exame é só Não Detectado. Não especifica se 13.180 é pouco ou muito. Li alguma coisa de pessoas com 5, 10, até 15 vezes esse valor. Li também que, no começo da doença, pode estar um valor alto, alterado, por causa do não aparecimento ainda dos combatentes do vírus. Não sei. Esses 13.180 dão um total de 4,12 Log/ml. Outro resultado do teste de Carga Viral. Mas é só como se passasse o valor para potência de 10. Um valor menor, para que melhor se visualize.
Quanto aos Linfócitos CD4+, eu estou bem: 813/mm³. E o bom é que esteja acima de 500.
Esses Linfócitos são as células de defesa do organismo. Apesar de serem o local perfeito para procriação do vírus HIV, essas células combatem vírus e bactérias que porventura venham a atacar o organismo. Portanto, deve haver uma enorme atenção a esse número. Os Linfócitos CD8 são auxiliares, e eu tenho 1.831/mm³ deles, o que dá um total de 2.655/mm³ de Linfócitos. Uma boa defesa, segundo o doutor H.
Quanto aos demais exames, houve uma preocupação com o Citomegalovirus.
Primeiramente, explicarei aqui o resultado do teste.
Há duas contagens para alguns exames, como esse e o de toxoplasmose: o IgG - Imunoglobulina G e o IgM - Imunoglobulina M.
São anticorpos.
O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido, embora seja mal qualificado, mal formado e, quando positivo, sugerir uma fase inicial da infecção. Basicamente, é como se um mosquito viesse lhe picar e, você assustado, tentasse bater palma pra matá-lo. Já o IgG é o mais eficiente anticorpo de defesa, e aparece um pouco após a produção do IgM e permanece no organismo da pessoa infectada para sempre, constituindo o que se chama de cicatriz sorológica e protegente o corpo permanentemente contra aquela doença. Na nossa analogia, é como se colocássemos telas nas janelas, inseticidas pela casa e um óleo protetor na pele - demanda muito mais tempo para realizar essas tarefas mas protege muito mais que o simples tapa. O melhor é que o IgM dê negativo e o IgG positivo. Isso quer dizer que já houve a fase aguda da doença e o IgG foi produzido o suficiente para derrubar a doença e proteger para sempre o organismo. Esse foi o resultado do meu exame de toxoplasmose.
Porém no de Citomegalovirus, ambos deram positivo. O que, em tese, aparenta a fase aguda da doença. Mas não sinto absolutamente nada. Eu li a respeito, e esse vírus fica latente no corpo para sempre, não tem cura, tem em cerca de 80% da população mundial, mas quase nunca dá sintomas. Porém, em pacientes imunodepressivos, ele pode trazer inúmeros problemas. Os piores são o comprometimento do sistema nervoso, fígado, diversas inflamações, como do baço, pâncreas, linfos, ou então coriorretinite, levando à perda parcial da visão e/ou cegueira. O Doutor H. me perguntou como estava minha visão ou se eu sentia dores de cabeça. "Não. Nada."
Em relação aos outros exames, tudo certinho. Negativo para tuberculose, para toxoplasmose, plaquetas normais, ótima coagulação, colesterol bom, triglicérides também.
Depois de amanhã, marcarei minha consulta com a infectologista e ela me receitará o coquetel adequado ao meu caso.
O valor de referência no exame é só Não Detectado. Não especifica se 13.180 é pouco ou muito. Li alguma coisa de pessoas com 5, 10, até 15 vezes esse valor. Li também que, no começo da doença, pode estar um valor alto, alterado, por causa do não aparecimento ainda dos combatentes do vírus. Não sei. Esses 13.180 dão um total de 4,12 Log/ml. Outro resultado do teste de Carga Viral. Mas é só como se passasse o valor para potência de 10. Um valor menor, para que melhor se visualize.
Quanto aos Linfócitos CD4+, eu estou bem: 813/mm³. E o bom é que esteja acima de 500.
Esses Linfócitos são as células de defesa do organismo. Apesar de serem o local perfeito para procriação do vírus HIV, essas células combatem vírus e bactérias que porventura venham a atacar o organismo. Portanto, deve haver uma enorme atenção a esse número. Os Linfócitos CD8 são auxiliares, e eu tenho 1.831/mm³ deles, o que dá um total de 2.655/mm³ de Linfócitos. Uma boa defesa, segundo o doutor H.
Quanto aos demais exames, houve uma preocupação com o Citomegalovirus.
Primeiramente, explicarei aqui o resultado do teste.
Há duas contagens para alguns exames, como esse e o de toxoplasmose: o IgG - Imunoglobulina G e o IgM - Imunoglobulina M.
São anticorpos.
O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido, embora seja mal qualificado, mal formado e, quando positivo, sugerir uma fase inicial da infecção. Basicamente, é como se um mosquito viesse lhe picar e, você assustado, tentasse bater palma pra matá-lo. Já o IgG é o mais eficiente anticorpo de defesa, e aparece um pouco após a produção do IgM e permanece no organismo da pessoa infectada para sempre, constituindo o que se chama de cicatriz sorológica e protegente o corpo permanentemente contra aquela doença. Na nossa analogia, é como se colocássemos telas nas janelas, inseticidas pela casa e um óleo protetor na pele - demanda muito mais tempo para realizar essas tarefas mas protege muito mais que o simples tapa. O melhor é que o IgM dê negativo e o IgG positivo. Isso quer dizer que já houve a fase aguda da doença e o IgG foi produzido o suficiente para derrubar a doença e proteger para sempre o organismo. Esse foi o resultado do meu exame de toxoplasmose.
Porém no de Citomegalovirus, ambos deram positivo. O que, em tese, aparenta a fase aguda da doença. Mas não sinto absolutamente nada. Eu li a respeito, e esse vírus fica latente no corpo para sempre, não tem cura, tem em cerca de 80% da população mundial, mas quase nunca dá sintomas. Porém, em pacientes imunodepressivos, ele pode trazer inúmeros problemas. Os piores são o comprometimento do sistema nervoso, fígado, diversas inflamações, como do baço, pâncreas, linfos, ou então coriorretinite, levando à perda parcial da visão e/ou cegueira. O Doutor H. me perguntou como estava minha visão ou se eu sentia dores de cabeça. "Não. Nada."
Em relação aos outros exames, tudo certinho. Negativo para tuberculose, para toxoplasmose, plaquetas normais, ótima coagulação, colesterol bom, triglicérides também.
Depois de amanhã, marcarei minha consulta com a infectologista e ela me receitará o coquetel adequado ao meu caso.
domingo, 14 de junho de 2015
Os exames
Terminando o final de semana e, finalmente conseguindo um tempo para escrever aqui no blog.
É monografia, projetos de uma cliente, cheio de trabalho no estágio, aula, vida social, e ainda peguei zika - uma doença que deixa o corpo todo empolado e as juntas doloridas. Semana muito movimentada.
Na quinta-feira eu fui ao laboratório cedro pra fazer meus exames que o Doutor H. requisitou. Fui em jejum, e bem cedo. Mas, depois de já ter passado pela parte da senha, entregado as requisições do SAE, e feito meu cadastro no sistema, a atendente me alertou para o fato de a assinatura do doutor ser de um enfermeiro e o plano não aceitar. Aceita apenas de médico. Tentei conversar mas não deu em nada. Logo voltei ao SAE e consegui falar com o doutor H. Expliquei a ele tudo que tinha acontecido e nem ele sabia que a assinatura do enfermeiro não era aceita pelo plano. Ele conseguiu, finalmente as assinaturas de um médico, só que já era tarde e eu já estava há mais de 15 horas em jejum. Talvez isso interferisse no resultado, não sei. Preferi ir no dia seguinte.
Na sexta-feira eu fui novamente ao cedro, levando os potinhos com fezes e urina e em jejum. Dessa vez deu certo. Mas os exames de carga viral do HIV e linfócitos CD4+ são realizados apenas de segunda a quinta-feira. Precisarei voltar amanhã para fazê-los. Mas eu precisaria voltar amanhã mesmo, já que um dos exames feitos - o de PPD (tuberculose) - requer que o paciente volte para ser examinado após 3 dias de feito, caindo justamente na segunda-feira.
Perguntei para atendente quanto tempo demoraria para receber os exames. Ela respondeu que, excluindo o da carga viral do HIV e linfócitos CD4+, todos os outros são entregues em até 3 dias. Porém esses primeiros levam até 7 dias, já que são analisados por uma empresa terceirizada. Enquanto ela me dizia isso e olhava a tela do computador, eu também virei os olhos para ver a tela e percebi o preço do exame de carga viral do HIV: R$400,00. Agradeci a Deus por ter plano e ele cobrir.
Na própria SAE, pela rede pública, esse exame pode ser feito, mas demora até 30 dias para ser entregue, além de apenas poucos desses outros exames requeridos pelo médico serem feitos lá.
Entrei na sala de coleta, entreguei os potes com fezes e urina e fui recebido pela técnica de enfermagem F., que foi super carinhosa comigo e logo notou da pendência dos exames de HIV. Me perguntou o que eu sentia e, primeiramente o susto dela e as observações sobre a doença não me tranquilizaram muito. Ela, muito transparente, disse que a notícia deve parecer com o fim de uma vida, que tudo desmorona. "De fato, F. Já chorei muito, muito mesmo, mas eu tô me empenhando pra fazer o tratamento. Tô bem, e vou ficar melhor ainda!". Ela logo concordou e disse que tem uma amiga que já vive há uma década com a doença e está muito bem.
No sábado, o laboratório cedro me acordou com uma chamada telefônica. A atendente pediu para que eu refizesse o exame de coagulograma. Ela também não sabia o porquê disso, mas o laboratório que analisa, pediu para que eu refizesse o exame. Fiquei com medo, confesso. Amanhã farei todos esses exames pendentes. Quero muito saber dos resultados.
É monografia, projetos de uma cliente, cheio de trabalho no estágio, aula, vida social, e ainda peguei zika - uma doença que deixa o corpo todo empolado e as juntas doloridas. Semana muito movimentada.
Na quinta-feira eu fui ao laboratório cedro pra fazer meus exames que o Doutor H. requisitou. Fui em jejum, e bem cedo. Mas, depois de já ter passado pela parte da senha, entregado as requisições do SAE, e feito meu cadastro no sistema, a atendente me alertou para o fato de a assinatura do doutor ser de um enfermeiro e o plano não aceitar. Aceita apenas de médico. Tentei conversar mas não deu em nada. Logo voltei ao SAE e consegui falar com o doutor H. Expliquei a ele tudo que tinha acontecido e nem ele sabia que a assinatura do enfermeiro não era aceita pelo plano. Ele conseguiu, finalmente as assinaturas de um médico, só que já era tarde e eu já estava há mais de 15 horas em jejum. Talvez isso interferisse no resultado, não sei. Preferi ir no dia seguinte.
Na sexta-feira eu fui novamente ao cedro, levando os potinhos com fezes e urina e em jejum. Dessa vez deu certo. Mas os exames de carga viral do HIV e linfócitos CD4+ são realizados apenas de segunda a quinta-feira. Precisarei voltar amanhã para fazê-los. Mas eu precisaria voltar amanhã mesmo, já que um dos exames feitos - o de PPD (tuberculose) - requer que o paciente volte para ser examinado após 3 dias de feito, caindo justamente na segunda-feira.
Perguntei para atendente quanto tempo demoraria para receber os exames. Ela respondeu que, excluindo o da carga viral do HIV e linfócitos CD4+, todos os outros são entregues em até 3 dias. Porém esses primeiros levam até 7 dias, já que são analisados por uma empresa terceirizada. Enquanto ela me dizia isso e olhava a tela do computador, eu também virei os olhos para ver a tela e percebi o preço do exame de carga viral do HIV: R$400,00. Agradeci a Deus por ter plano e ele cobrir.
Na própria SAE, pela rede pública, esse exame pode ser feito, mas demora até 30 dias para ser entregue, além de apenas poucos desses outros exames requeridos pelo médico serem feitos lá.
Entrei na sala de coleta, entreguei os potes com fezes e urina e fui recebido pela técnica de enfermagem F., que foi super carinhosa comigo e logo notou da pendência dos exames de HIV. Me perguntou o que eu sentia e, primeiramente o susto dela e as observações sobre a doença não me tranquilizaram muito. Ela, muito transparente, disse que a notícia deve parecer com o fim de uma vida, que tudo desmorona. "De fato, F. Já chorei muito, muito mesmo, mas eu tô me empenhando pra fazer o tratamento. Tô bem, e vou ficar melhor ainda!". Ela logo concordou e disse que tem uma amiga que já vive há uma década com a doença e está muito bem.
No sábado, o laboratório cedro me acordou com uma chamada telefônica. A atendente pediu para que eu refizesse o exame de coagulograma. Ela também não sabia o porquê disso, mas o laboratório que analisa, pediu para que eu refizesse o exame. Fiquei com medo, confesso. Amanhã farei todos esses exames pendentes. Quero muito saber dos resultados.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Primeira Consulta
Hoje tive minha primeira consulta.
Tive que ir ontem ao SAE só para marcá-la e eu não sabia desse processo. Levei um amigo comigo que sabe, e que queria muito me acompanhar. Ele queria falar com o médico para perguntar tudo que eu poderia ter dúvida e esquecesse. Não deu certo. Mas nós vimos como é lá: ontem nós ficamos em pé, estava quente, o atendimento não estava tão bom. Demoramos uns 40 minutos só para marcar a consulta. Preferi que ele não fosse hoje.
Mas hoje foi totalmente diferente. Cheguei e havia várias cadeiras vazias. Não tinha nem metade de pacientes que tinha ontem. Acredito que estivesse daquele jeito por ter sido segunda-feira e/ou logo após um feriadão - que começou na quinta. Deve ter acumulado pacientes e exames, já que não abriu o SAE esses dias. Agora eu já sei: nunca vou no dia após feriados e finais de semana.Terça-feira está bom.
Cheguei lá bem cedo, uns quinze minutos antes do médico. 13:45. Mesmo assim havia 4 pessoas na minha frente e fui atendido umas 3 da tarde. Esse tempo fez eu pensar um pouco na vida e, confesso que me senti envergonhado, ali na espera. O SAE a qual eu estou indo é uma bancada com umas salas em volta e uma área na frente da bancada com seis cadeiras. Só que próximo ao SAE há outra bancada, o da Saúde na Família, e vai muita senhora, crianças e jovens se consultarem. Odeio os olhares de vez em quando. Fiquei com muito receio de algum conhecido me olhar. Mas, pensando bem, se olhar... tudo bem. Estou ali para me cuidar e será assim por um bom tempo também. É me acostumar logo.
Eu me senti muito à vontade no consultório. O doutor H. - como vou chamá-lo aqui - me recebeu muito bem. Ele estava acompanhado por dois jovens estudantes de enfermagem: a menina escrevia meu prontuário e o menino observava. O doutor H. me fez inúmeras perguntas, como meu estilo de vida, hábitos alimentares, se eu fumo, se eu bebo, minha condição sexual, histórico de doenças na família, além de verificar meu peso, minha altura, pressão sanguínea e pele. Ele explicou - tanto para mim quanto para os estudantes - como o vírus atua, o que eu poderia sentir nos primeiros dias, como serão as consultas e quais exames eu terei que fazer.
Logo após a consulta, fui direcionado para a sala da Assistente Social e conversei bastante com ela. Ali era bem mais informal e não tinha aquela leve pressão que eu senti com os estudantes me analisando. Acabei chorando muito. Desabafei bastante com a assistente social. Eu precisava muito disso. Ela me aconselhou um grupo de terapia com outros portadores e me deu o número do organizador. Além disso, a assistente me entregou um livrinho educativo com uma história em quadrinhos sobre dois amigos conversando sobre a doença.
Saí com esse livro, um papelzinho com o telefone do organizador, um folheto explicativo sobre a tuberculose e as 4 requisições com 6 exames para eu fazer: um exame de toxoplasmose, um hemograma completo, leishmaniose, PPD, carga viral e CD4+. Esses são por exame de sangue. Além desses, fezes e urina.
Amanhã começarei a fazer os exames. Verificarei primeiramente a possibilidade em fazê-los pela rede privada de laboratórios, já que possuo o cartão do plano de Saúde. Se eu não conseguir, voltarei ao SAE para fazê-lo. Entregar depois os exames ao médico.
Eu me sinto bem. Nenhuma dor. Bem melhor psicologicamente. No momento, o que mais tira meu sono é minha monografia mesmo. Preciso entregar as 60 páginas até semana que vem. 47 ainda. =/
Tive que ir ontem ao SAE só para marcá-la e eu não sabia desse processo. Levei um amigo comigo que sabe, e que queria muito me acompanhar. Ele queria falar com o médico para perguntar tudo que eu poderia ter dúvida e esquecesse. Não deu certo. Mas nós vimos como é lá: ontem nós ficamos em pé, estava quente, o atendimento não estava tão bom. Demoramos uns 40 minutos só para marcar a consulta. Preferi que ele não fosse hoje.
Mas hoje foi totalmente diferente. Cheguei e havia várias cadeiras vazias. Não tinha nem metade de pacientes que tinha ontem. Acredito que estivesse daquele jeito por ter sido segunda-feira e/ou logo após um feriadão - que começou na quinta. Deve ter acumulado pacientes e exames, já que não abriu o SAE esses dias. Agora eu já sei: nunca vou no dia após feriados e finais de semana.Terça-feira está bom.
Cheguei lá bem cedo, uns quinze minutos antes do médico. 13:45. Mesmo assim havia 4 pessoas na minha frente e fui atendido umas 3 da tarde. Esse tempo fez eu pensar um pouco na vida e, confesso que me senti envergonhado, ali na espera. O SAE a qual eu estou indo é uma bancada com umas salas em volta e uma área na frente da bancada com seis cadeiras. Só que próximo ao SAE há outra bancada, o da Saúde na Família, e vai muita senhora, crianças e jovens se consultarem. Odeio os olhares de vez em quando. Fiquei com muito receio de algum conhecido me olhar. Mas, pensando bem, se olhar... tudo bem. Estou ali para me cuidar e será assim por um bom tempo também. É me acostumar logo.
Eu me senti muito à vontade no consultório. O doutor H. - como vou chamá-lo aqui - me recebeu muito bem. Ele estava acompanhado por dois jovens estudantes de enfermagem: a menina escrevia meu prontuário e o menino observava. O doutor H. me fez inúmeras perguntas, como meu estilo de vida, hábitos alimentares, se eu fumo, se eu bebo, minha condição sexual, histórico de doenças na família, além de verificar meu peso, minha altura, pressão sanguínea e pele. Ele explicou - tanto para mim quanto para os estudantes - como o vírus atua, o que eu poderia sentir nos primeiros dias, como serão as consultas e quais exames eu terei que fazer.
Logo após a consulta, fui direcionado para a sala da Assistente Social e conversei bastante com ela. Ali era bem mais informal e não tinha aquela leve pressão que eu senti com os estudantes me analisando. Acabei chorando muito. Desabafei bastante com a assistente social. Eu precisava muito disso. Ela me aconselhou um grupo de terapia com outros portadores e me deu o número do organizador. Além disso, a assistente me entregou um livrinho educativo com uma história em quadrinhos sobre dois amigos conversando sobre a doença.
Saí com esse livro, um papelzinho com o telefone do organizador, um folheto explicativo sobre a tuberculose e as 4 requisições com 6 exames para eu fazer: um exame de toxoplasmose, um hemograma completo, leishmaniose, PPD, carga viral e CD4+. Esses são por exame de sangue. Além desses, fezes e urina.
Amanhã começarei a fazer os exames. Verificarei primeiramente a possibilidade em fazê-los pela rede privada de laboratórios, já que possuo o cartão do plano de Saúde. Se eu não conseguir, voltarei ao SAE para fazê-lo. Entregar depois os exames ao médico.
Eu me sinto bem. Nenhuma dor. Bem melhor psicologicamente. No momento, o que mais tira meu sono é minha monografia mesmo. Preciso entregar as 60 páginas até semana que vem. 47 ainda. =/
sábado, 6 de junho de 2015
O psicológico
Eu já percebi que ficar sozinho, deitado, sem fazer nada, mesmo que seja naquele fingimento dos olhos fechados, se preparando pra dormir, faz a doença vir à tona.
Quando eu saio com minha mãe, com meus amigos, quando eu jogo vídeo-game, trabalho de faculdade, assisto vídeos de música, isso não aparece. Eu preciso estar em movimento.
De fato, não sinto dor alguma. A doença, por enquanto, é psicológica. E eu estou aceitando bem.
Além do mais, ler sobre a doença tranquiliza bastante, porque o que se sabe sobre ela é que matava quase certo há uns 30 anos, Cazuza, o monstro do "use camisinha, AIDS não tem cura", fora que eu, particularmente, não conheço ninguém com HIV. Ninguém. O que faz eu não conseguir tirar dúvidas mais pessoais ou ver como alguém está lidando com a doença, ou conversar sobre o tema. Blogs de soropositivos são muito importantes por isso e na internet há vários deles.
Mamãe não percebeu ainda nada. Ontem rimos muito à noite, juntos. Conversamos sobre tudo. Eu penso em não falar para ela. Eu a conheço e sei que irá atrapalhar mais a situação. Três amigos próximos sabem. Contei a eles porque são meus melhores amigos e sabem de toda vida. E eles me deram total apoio. Tentarei tomar o coquetel direitinho, indo lá pegar de 30 em 30 dias, fazer os exames, falar tudo o que sinto para o meu infectologista.
E tudo isso começa segunda-feira. Segunda-feira, eu irei, pela primeira vez, ao SAE.
Segunda-feira começa a minha luta contra a AIDS.
Quando eu saio com minha mãe, com meus amigos, quando eu jogo vídeo-game, trabalho de faculdade, assisto vídeos de música, isso não aparece. Eu preciso estar em movimento.
De fato, não sinto dor alguma. A doença, por enquanto, é psicológica. E eu estou aceitando bem.
Além do mais, ler sobre a doença tranquiliza bastante, porque o que se sabe sobre ela é que matava quase certo há uns 30 anos, Cazuza, o monstro do "use camisinha, AIDS não tem cura", fora que eu, particularmente, não conheço ninguém com HIV. Ninguém. O que faz eu não conseguir tirar dúvidas mais pessoais ou ver como alguém está lidando com a doença, ou conversar sobre o tema. Blogs de soropositivos são muito importantes por isso e na internet há vários deles.
Mamãe não percebeu ainda nada. Ontem rimos muito à noite, juntos. Conversamos sobre tudo. Eu penso em não falar para ela. Eu a conheço e sei que irá atrapalhar mais a situação. Três amigos próximos sabem. Contei a eles porque são meus melhores amigos e sabem de toda vida. E eles me deram total apoio. Tentarei tomar o coquetel direitinho, indo lá pegar de 30 em 30 dias, fazer os exames, falar tudo o que sinto para o meu infectologista.
E tudo isso começa segunda-feira. Segunda-feira, eu irei, pela primeira vez, ao SAE.
Segunda-feira começa a minha luta contra a AIDS.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
48 horas
Descobri tem 48 horas. Mas há bem mais de 2 dias que o vírus do HIV está no meu sangue. Na verdade, não sei quando foi. Nem com quem foi. Como foi, eu tenho certeza: relação sexual sem camisinha.
Tenho 23 anos. Sou homossexual. Nunca usei drogas, nem cigarro, bebo muito raramente. Estou terminando a faculdade de Engenharia Civil. E passei o começo do ano querendo curtir e procurando alguém especial. Para isso, baixei esses aplicativos de busca de parceiros e saí com alguns. Na tentativa de fazer o outro se sentir bem, mais confortável, eu acabava negligenciando a camisinha. Na cama, até passava na minha cabeça o problema que isso poderia acarretar, mas eu acreditava que aquele rapaz não teria nada. A gente sempre pensa que não vai acontecer com a gente. Foi o que acarretou nisso tudo. Com alguns parceiros, foi só uma vez. Com outros, ainda mantenho amizade, mas não tenho coragem de me abrir quanto a esse problema e nem de avisar que ele pode ter tido também. De fato, o que me dá muito medo é de ter me contaminado pelo HIV e então ter transado com outros. Como eu não sei quem foi, pode ter sido o primeiro do ano, ou o último. E se foi o primeiro? A maior culpa no momento é essa.
Eu sei que, até outubro de 2014, eu não tinha. Fiz o exame naquela época, porque transava com meu ex-namorado sem camisinha e, com o término do namoro e uma provável traição, eu fiquei com muito receio. Não-reagente ao HIV. Foi uma felicidade.
De lá pra cá, fiz muita besteira, e o resultado mudou.
Dia 03 de junho de 2015:
Eu fui ao CTA - Centro de Testagem e Diagnóstico - sozinho. Cheguei às 11 horas. Fui porque eu estava com muito receio, e um amigo meu de São Paulo me lembrou que é bom eu fazer o teste para trazer tranquilidade à cabeça. Não foi bem isso que aconteceu. Mas pelo menos agora eu posso saber do problema que existe em mim. Ele existiria, de qualquer maneira, eu sabendo ou não. Então é melhor eu compreendê-lo para que eu possa enfrentá-lo da maneira correta. Cheguei lá e tive que preencher uma ficha com meus dados. Só havia uma pessoa na minha frente. Entrei na sala da coleta e a enfermeira me tratou muito bem. Na verdade, todo mundo do CTA parecia muito simpático, conversava comigo, me tratava muito bem. A enfermeira furou então meu dedo e pingou uma gota nos três equipamentos - HIV, Sífilis e Hepatite Viral. Com o pingar de um soro, se mudasse a cor do sangue em algum equipamento, é porque eu teria um desses vírus. Fui para a sala de espera. Eram várias cadeiras, umas 4 filas de cadeiras. Eu estava na primeira fila, a mais próxima da televisão. Passava Encontro com Fátima Bernardes, debate sobre o preconceito racial. Na sala tinha um menino jovem esperando o resultado, um outro rapaz, mais velho, e um casal. Tanto o jovem quanto o mais velho receberam o resultado em uma sala com a placa escrita Aconselhamento na porta. Na minha vez, uma outra menina me chamou no Consultório Médico. O nome dela era Darliane. Eu estava com muito medo. Medo. Achei estranho me chamarem nessa sala. Ela pediu pra eu sentar e começou a fazer algumas perguntas: Com quantos parceiros você teve relação sexual? Fuma? Bebe?
Eu logo perguntei: deu algum problema?
Sim.
- Mas foi com o pior?
HIV
Tenho 23 anos. Sou homossexual. Nunca usei drogas, nem cigarro, bebo muito raramente. Estou terminando a faculdade de Engenharia Civil. E passei o começo do ano querendo curtir e procurando alguém especial. Para isso, baixei esses aplicativos de busca de parceiros e saí com alguns. Na tentativa de fazer o outro se sentir bem, mais confortável, eu acabava negligenciando a camisinha. Na cama, até passava na minha cabeça o problema que isso poderia acarretar, mas eu acreditava que aquele rapaz não teria nada. A gente sempre pensa que não vai acontecer com a gente. Foi o que acarretou nisso tudo. Com alguns parceiros, foi só uma vez. Com outros, ainda mantenho amizade, mas não tenho coragem de me abrir quanto a esse problema e nem de avisar que ele pode ter tido também. De fato, o que me dá muito medo é de ter me contaminado pelo HIV e então ter transado com outros. Como eu não sei quem foi, pode ter sido o primeiro do ano, ou o último. E se foi o primeiro? A maior culpa no momento é essa.
Eu sei que, até outubro de 2014, eu não tinha. Fiz o exame naquela época, porque transava com meu ex-namorado sem camisinha e, com o término do namoro e uma provável traição, eu fiquei com muito receio. Não-reagente ao HIV. Foi uma felicidade.
De lá pra cá, fiz muita besteira, e o resultado mudou.
Dia 03 de junho de 2015:
Eu fui ao CTA - Centro de Testagem e Diagnóstico - sozinho. Cheguei às 11 horas. Fui porque eu estava com muito receio, e um amigo meu de São Paulo me lembrou que é bom eu fazer o teste para trazer tranquilidade à cabeça. Não foi bem isso que aconteceu. Mas pelo menos agora eu posso saber do problema que existe em mim. Ele existiria, de qualquer maneira, eu sabendo ou não. Então é melhor eu compreendê-lo para que eu possa enfrentá-lo da maneira correta. Cheguei lá e tive que preencher uma ficha com meus dados. Só havia uma pessoa na minha frente. Entrei na sala da coleta e a enfermeira me tratou muito bem. Na verdade, todo mundo do CTA parecia muito simpático, conversava comigo, me tratava muito bem. A enfermeira furou então meu dedo e pingou uma gota nos três equipamentos - HIV, Sífilis e Hepatite Viral. Com o pingar de um soro, se mudasse a cor do sangue em algum equipamento, é porque eu teria um desses vírus. Fui para a sala de espera. Eram várias cadeiras, umas 4 filas de cadeiras. Eu estava na primeira fila, a mais próxima da televisão. Passava Encontro com Fátima Bernardes, debate sobre o preconceito racial. Na sala tinha um menino jovem esperando o resultado, um outro rapaz, mais velho, e um casal. Tanto o jovem quanto o mais velho receberam o resultado em uma sala com a placa escrita Aconselhamento na porta. Na minha vez, uma outra menina me chamou no Consultório Médico. O nome dela era Darliane. Eu estava com muito medo. Medo. Achei estranho me chamarem nessa sala. Ela pediu pra eu sentar e começou a fazer algumas perguntas: Com quantos parceiros você teve relação sexual? Fuma? Bebe?
Eu logo perguntei: deu algum problema?
Sim.
- Mas foi com o pior?
HIV
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